A música é uma das formas de expressão mais antigas da humanidade, sua origem se perde nas brumas do tempo, acompanhando os seres humanos desde os primórdios da civilização. Estudos arqueológicos revelam que instrumentos musicais, como flautas feitas de ossos de pássaros e tambores rudimentares, datam de dezenas de milhares de anos (40.000), evidenciando que a criação e apreciação de sons organizados é uma prática profundamente enraizada na nossa história. Desde os rituais sagrados das sociedades pré-históricas até as celebrações festivas das antigas civilizações, a música sempre teve um papel central na vida comunitária e na expressão individual. Assim, ao explorarmos a evolução das notas musicais e seus significados, nos deparamos com um legado cultural que transcende fronteiras e gerações, conectando todos nós através de uma linguagem universal que, mesmo após milênios, continua a ressoar em nossos corações e mentes. Dessa forma, podemos dizer, sem exagero, que a humanidade como um todo é tão antiga quanto a música a qual sempre, desde as suas origens mais remotas, se fez presente como forma de expressão cultural e emocional. Apesar da música estar presente desde os primórdios na vida da espécie humana, não existem registros dos povos antigos a respeito da notação musical utilizada pelos homens primitivos, sendo que, a primeira pessoa a sistematizar a música, por meio da matemática, foi Pitagoras.
Pitágoras de Samos, um filósofo e matemático grego que viveu no século VI a.C., é amplamente reconhecido por suas contribuições à matemática, mas seu impacto na música é igualmente significativo. Ele foi um dos primeiros a perceber a relação íntima entre a matemática e a música, introduzindo conceitos que moldariam a teoria musical por séculos.
A jornada de Pitágoras na música começou com suas observações sobre as cordas de instrumentos. Ao cortar uma corda ao meio, ele notou que a nota produzida era uma oitava acima da nota original. Esse fenômeno o levou a investigar outras proporções, descobrindo que diferentes comprimentos de corda geravam diferentes notas. Por exemplo:
Uma corda que é 2/3 do comprimento da original produz uma quinta perfeita.
Uma corda que é 3/4 do comprimento gera uma quarta perfeita.
Essas relações numéricas entre os comprimentos das cordas e as notas musicais são fundamentais na construção de escalas e na afinação de instrumentos.
Pitágoras e seus seguidores desenvolveram um sistema de notação que refletia essas proporções. A partir de suas descobertas, ele estabeleceu os princípios da afinação baseada em intervalos, o que levou à criação de escalas musicais. A ideia de que a música poderia ser descrita por relações matemáticas trouxe uma nova compreensão sobre como os sons se combinam e interagem.
A abordagem pitagórica à música influenciou não apenas a prática musical, mas também a filosofia da música. Ele acreditava que a música era uma expressão da ordem cósmica, refletindo a harmonia do universo. Essa visão filosófica uniu a matemática e a estética musical, estabelecendo um vínculo profundo entre as duas disciplinas.
Os conceitos pitagóricos se tornaram a base da teoria musical ocidental. Através da utilização de frações e proporções, foi possível estabelecer a escala diatônica, que é a base da música ocidental. O sistema de notas, que conhecemos hoje, deriva das ideias de Pitágoras, onde cada nota é relacionada a uma frequência específica e a intervalos definidos.
As notas musicais são, portanto, os elementos fundamentais da música. No sistema ocidental, temos sete notas básicas, que se repetem em diferentes oitavas.
Cada nota musical tem uma frequência vibratória específica. Quando tocamos uma nota, o instrumento ressoa em uma determinada frequência, criando o som que ouvimos. Aqui estão algumas notas comuns e suas frequências em um padrão que todos podem entender:
Dó (C): 261,63 Hz
Ré (D): 293,66 Hz
Mi (E): 329,63 Hz
Fá (F): 349,23 Hz
Sol (G): 392,00 Hz
Lá (A): 440,00 Hz (muito usado como referência para afinação)
Si (B): 493,88 Hz
Vibrações e Sons: Cada vez que uma nota é tocada, ela faz o ar vibrar. Essas vibrações se movem pelo ar até chegarem aos nossos ouvidos. Quando dizemos que Dó é 261,63 Hz, isso significa que a onda sonora vibra 261,63 vezes por segundo.
Sensação de Altura: Notas com frequências mais altas (como Si) soam mais agudas e notas com frequências mais baixas (como Dó) soam mais graves. Isso é o que nos ajuda a distinguir entre diferentes notas.
Oitavas: As notas se repetem em oitavas. Quando você sobe uma oitava (por exemplo, de Dó4 para Dó5), a frequência dobra. Portanto, Dó5 (523,25 Hz) é uma oitava acima de Dó4 (261,63 Hz). Essa relação é o que cria uma sensação de continuidade nas escalas musicais.
Compreender as frequências ajuda músicos e compositores a criar melodias e harmonias. Isso também é fundamental para afinar e regular instrumentos, principalmente no caso da guitarra, já que cada instrumento deve vibrar em frequências específicas para soar corretamente.
Como vimos anteriormente, as notas musicais são os sons fundamentais que usamos para criar música e no sistema ocidental temos sete notas principais: Dó (C), Ré (D), Mi (E), Fá (F), Sol (G), Lá (A) e Si (B), entre parênteses são as siglas, comumente usadas na notação musical. É importante notar que essa sequência se repete em diferentes oitavas, ou seja, as notas sempre estarão na mesma ordem, independentemente da altura do som, SEMPRE, por isso, todo aspirante a músico deve assimilar essa sequencia, que é fixa. Eu costumo pedir aos alunos que se recordem da música infantil clássica que ensina as notas Dó, Ré e Mi Fá, Fá Fá, é “Dó, Ré Do Ré, Ré, Ré, etc.
Para melhor compreendermos a sequencia natural de notas, que também é chamada de escala natural, ou seja, a sequencia fixa e imutável que estabelece as posições das notas nos respectivos instrumentos, é interessante mencionar o que são intervalos musicais, para isso, adotamos o conceito de “tom”.
Um tom é uma medida de “distância” entre duas notas musicais. Em termos simples, ele representa uma diferença de altura sonora. Na música ocidental, um tom é equivalente a dois semitons. Para ilustrar: se você subir de uma nota para a próxima (como de Dó para Ré), está se movendo um tom. Se você subir apenas um passo menor (como de Dó para Dó sustenido), está se movendo um semitom.
Agora, vamos às notas musicais. As notas são os sons fundamentais que usamos para criar música. No sistema ocidental, temos sete notas principais: Dó (C), Ré (D), Mi (E), Fá (F), Sol (G), Lá (A) e Si (B). É importante lembrar que essa sequência se repete infinitamente até onde nossos ouvidos conseguem perceber e provavelmente para além disso, ou seja, as notas sempre estarão na mesma ordem, independentemente da altura do som.
Além das notas naturais, temos também as modificações conhecidas como sustenidos e bemóis. O sustenido (♯) eleva a nota em um semitom ou em 1/2 (meio) tom. Por exemplo, Dó sustenido (C♯) é um semitom acima de Dó (C), e Ré sustenido (D♯) é um semitom acima de Ré (D). Por outro lado, o bemol (♭) reduz a nota em um semitom. Por exemplo, Ré bemol (D♭) está um semitom abaixo de Ré (D), e Lá bemol (A♭) é um semitom abaixo de Lá (A).
É interessante observar que entre algumas notas não existem sustenidos ou bemóis. Por exemplo, não há um sustenido entre Mi e Fá, assim como não há um bemol entre Si e Dó; essas notas estão separadas por um semitom direto. Essa relação é fundamental para a construção de escalas e melodias, pois permite uma variedade maior de sons e emoções.
Dessa forma então, contando com os sustenidos, teríamos um total de 12 notas musicais a partir do que teremos então o fim de uma escala que retorna então à primeira nota, conforme o exemplo a seguir, que propositalmente foi feito de modo a demonstrar a continuidade infinita da escala musical natural:
A razão pela qual Mi (E) e Si (B) não possuem sustenidos está relacionada à forma como as notas foram organizadas historicamente na escala natural.
Na música ocidental, a escala natural, também chamada de diatônica (dia = “Através de” tônico = tons) é composta por uma sequência de intervalos que se distribuem entre tons e semitons. Cada nota na escala está separada por uma distância específica, sendo que essas relações são fundamentais para manter a estrutura e a harmonia nas escalas, evitando a duplicidade de notas e permitindo uma progressão lógica na música. É uma questão de como as notas foram historicamente organizadas e como elas interagem umas com as outras em termos de altura sonora e frequência. Recaptulando:
Tons: São intervalos de dois semitons.
Semitons: São a menor distância entre duas notas.
A afinação padrão da guitarra ou do violão, conhecida como “afinação em quartas” e “terças maiores”, foi desenvolvida para facilitar a execução de acordes e escalas, permitindo que os músicos toquem uma ampla variedade de músicas com facilidade. Foi projetada para maximizar a versatilidade e a facilidade de uso do instrumento. Isso permite que guitarristas de todos os níveis toquem uma ampla gama de músicas, desenvolvam sua criatividade e explorem a rica sonoridade que a guitarra tem a oferecer.
No braço da guitarra ou do violão, cada “casa” ou “traste” (as divisões ao longo do braço) representam o intervalo de um semitom. Isso significa que, ao pressionar uma corda em uma casa, logo após, escorregar para a próxima subsequente, você está aumentando a altura do som daquela corda em um semitom.
A guitarra e o violão são afinados em Mi (E) por várias razões práticas e históricas. A afinação em Mi permite que muitos dos acordes mais comuns na música ocidental, como os acordes maiores e menores, sejam tocados com formas simples. Isso facilita o aprendizado para iniciantes e a execução para músicos em geral.
A nota Mi, especialmente em sua posição como a nota mais grave (na 6ª corda), fornece uma base sólida para a harmonia. Isso permite que os músicos criem progressões de acordes agradáveis e coesas.
A afinação em Mi estabelece ainda uma relação tonal que é fácil de trabalhar. Por exemplo, a distância em semitons entre as cordas adjacentes permite que os guitarristas transitem rapidamente entre diferentes escalas e tonalidades.
A afinação em Mi tem raízes na tradição de instrumentos de corda, como o alaúde e a vihuela, que também utilizavam notas semelhantes para facilitar a execução de músicas. Essa prática se consolidou ao longo do tempo.
A nota Mi é uma das notas mais comuns em muitas composições musicais. Portanto, a afinação da guitarra em Mi permite que os músicos se adaptem facilmente a uma variedade de estilos e gêneros musicais.
Corda 6 (Mi): Quando você toca a corda 6 solta, ela produz a nota Mi (E).
Casa 1: Se você pressionar a primeira casa dessa corda, você tocará a nota Fá (F), que é um semitom acima de Mi.
Casa 2: Ao pressionar a segunda casa, você tocará Fá sustenido (F♯), que é um semitom acima de Fá.
Casa 3: Se pressionar a terceira casa, você tocará a nota Sol (G), que é um semitom acima de Fá sustenido.
Essa sequência continua ao longo do braço da guitarra. Cada casa adicional que você pressiona representa um aumento de um semitom.
As cordas da guitarra estão afinadas em uma disposição específica, e a distância em termos de altura sonora entre elas varia. Aqui está a afinação padrão de uma guitarra de seis cordas, da mais grossa para a mais fina:
Corda 6 (Mi) – E
Corda 5 (Lá) – A
Corda 4 (Ré) – D
Corda 3 (Sol) – G
Corda 2 (Si) – B
Corda 1 (Mi) – E
Entre a Corda 6 (Mi) e a Corda 5 (Lá): A distância é de 5 semitons (uma quarta justa).
Entre a Corda 5 (Lá) e a Corda 4 (Ré): A distância também é de 5 semitons.
Entre a Corda 4 (Ré) e a Corda 3 (Sol): A distância é de 5 semitons.
Entre a Corda 3 (Sol) e a Corda 2 (Si): A distância é de 4 semitons (uma terça maior).
Entre a Corda 2 (Si) e a Corda 1 (Mi): A distância é de 5 semitons.
Portanto, no braço da guitarra, cada casa aumenta a altura do som em um semitom. As distâncias entre as cordas adjacentes são organizadas em intervalos específicos, permitindo que você toque acordes e melodias de forma harmoniosa. Essa estrutura é fundamental para entender como tocar o instrumento e como as notas se relacionam umas com as outras.